Para secretário Marcos Troyjo, acordo entre Mercosul e União Europeia pode acelerar outras negociações
O recém-anunciado acordo de livre-comércio entre membros do Mercosul e da União Europeia deve “acelerar a conclusão” de novas negociações comerciais, na visão do economista e cientista político Marcos Troyjo, secretário-especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia.
No alvo do Brasil e dos membros do mercado comum sul-americano estão parcerias com Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Canadá e com os quatro países da Efta (Associação Europeia de Comércio Livre) – grupo formado por Suíça, Islândia, Noruega e Liechtenstein, que não fazem parte da União Europeia.
Os planos reforçam, na opinião do secretário, o que ele chama de “ruptura” com as quatro últimas administrações petistas, que priorizavam relações econômicas com países em desenvolvimento e economias emergentes – com ênfase na América do Sul, África e membros do grupo dos Brics, formado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além do Brasil.
Descrito nos bastidores como o principal articulador da negociação com os europeus pelo acordo, cujas tratativas já se arrastavam há 20 anos sem conclusão, Troyjo refuta a tese, no entanto, de que o acordo tenha sido fruto de um maior poder de barganha dos europeus frente à dura crise econômica que atinge as duas principais economias do Mercosul – Brasil e Argentina – como foi aventado por críticos, como o ex-chanceler Celso Amorim.
“Não existe um único milagre econômico nos últimos 70 anos – Japão, Alemanha, Cingapura, Coreia do Sul, China – que não tenha sido turbinado por forte presença do comércio exterior e acordos internacionais. E em muitos casos, quando essas economias entraram em entendimentos comerciais internacionais, elas se encontravam também em uma situação de desempenho aquém de outros momentos históricos. Ainda assim, o comércio foi o grande impulsionador de novas fases de crescimento”, diz o secretário especial, em entrevista por telefone à BBC News Brasil.
Troyjo também diz acreditar que a afinidade demonstrada pelos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump “foi um dos muitos fatores que ajudaram na conclusão do acordo nessa conjuntura”, já que a aproximação entre Brasil e EUA “aguça a vontade dos europeus” – mas não teria sido determinante. O contrário também vale:
“Na medida em que se tem um avanço no entendimento com os europeus, isso aumenta as perspectivas com os EUA”, diz. “Saber modular esses vários vetores em operação é uma das características mais importantes do comércio internacional.”
Durante a conversa, o secretário especial também fala sobre China, Lava Jato e Brexit – ele afirma, inclusive, que o governo já mantém conversas informais sobre possíveis acordos bilaterais caso a saída do Reino Unido da União Europeia se confirme.
fonte:BBC
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